AVALIAÇÃO DE BEM-ESTAR E MEDICINA PREVENTIVA EM EQUÍDEOS DE TRAÇÃO URBANA DOS BAIRROS ACOMETIDOS PELO FENÔMENO GEOLÓGICO EM MACEIÓ-AL
DOI:
https://doi.org/10.56083/RCV3N3-025Keywords:
Tração Animal, Catástrofe, Saúde Única, EducaçãoAbstract
O fenômeno geológico ocorrido na cidade de Maceió–AL, que está correlacionado com a extração de sal-gema (matéria-prima utilizada na produção de PVC), provocou rachaduras e fissuras em alguns bairros que impossibilitam a manutenção das moradias. Com o perigo de desmoronamento, houve a necessidade de evacuação dos moradores, provocando um aumento significativo do abandono de animais. Dessa demanda surge a criação do projeto de extensão Integra Animal - Programa de Acolhimento aos Animais, parceria entre a BRASKEM - UFAL- FUNDEPES. Ações de vacinação, vermifugação e atendimentos clínicos foram criadas para dar suporte aos equídeos vulneráveis e seus tutores que fazem uso desses animais para trabalho de tração. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as medidas profiláticas como vacinação e vermifugação adotadas nos equídeos de tração nos bairros acometidos pelo acidente geológico em Maceió-AL. Os dados foram obtidos de fichas zootécnicas e sanitárias, nas ações realizadas pelo projeto nos bairros do Bom Parto, Mutange e Bebedouro, localizados próximo a Lagoa Mundaú, na cidade de Maceió – AL. Uma ação em cada bairro foi realizada, dividindo-se a equipe em duas funções: atendimento clínico e medicina preventiva. Foram utilizadas vacinas contra raiva, encefalomielite, tétano e leptospirose equina, além de desverminação de todos os animais atendidos, utilizando a pasta oral a base de ivermectina 1%. Foram atendidos o total de 59 animais, todos sem raça definida e utilizados na tração de carroças. Dentre eles, 93% são equinos, 5% são muares e 2% são asininos. Quanto ao sexo, 61% machos e 38% fêmeas. A média de idade foi de 10± 4,2 anos. O peso dos animais apresentou média de 295 Kg± 98. O escore corporal perfilado de 1-5, teve uma média de 2,5. Dos 59 animais, 44 (74,6%) estavam sendo submetidos ás boas práticas de manejo e bem-estar na atividade de tração 15% apresentaram patologias, destacando-se linfangite, dermatite, pododermatite séptica e garrotilho. Diante dos resultados obtidos, mesmo com quase 75% dos animais submetidos às boas-práticas de bem-estar, notou-se que poucos animais haviam sido submetidos a medicina preventiva. Assim, conclui-se que os cuidados em relação ao manejo sanitário e a medicina preventiva são negligenciados pela falta de informação dos carroceiros sobre as enfermidades que acometem os equídeos de tração. É necessário que além das ações preventivas para melhorar a qualidade de vida dos animais, sejam abordadas ações educativas, como cartilhas ilustrativas que visem orientar os tutores quanto à importância de proporcionar bem-estar e saúde aos equídeos.
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