JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO INSTRUMENTO DE ACESSO À JUSTIÇA

Authors

  • José Querino Tavares Neto
  • Platon Teixeira de Azevedo Neto
  • Lucília de Lima

DOI:

https://doi.org/10.56083/RCV3N2-007

Keywords:

Justiça Restaurativa, Acesso à Justiça, Metodologias Restaurativas

Abstract

A Justiça Restaurativa foi introduzida no Poder Judiciário Nacional pelo Conselho Nacional de Justiça por meio da Resolução nº 225 de 31 de maio de 2016 como política pública de acesso à justiça. Desde então, vem sendo implementada em diversos órgãos judiciários como uma abordagem de resolução e transformação de conflitos e violências de forma a criar um espaço onde seus participantes encontrem formas de atender suas necessidades e que os traumas causados por um crime sejam restaurados na mediada do possível. Propõe-se nesse estudo abordar a Justiça Restaurativa, que visa trabalhar com os envolvidos afetados por um crime, a reparação de danos, a responsabilização e a prevenção de novos conflitos através de metodologias de intervenção permeadas pela escuta empática e a garantia de um espaço seguro que possibilite a fala aos participantes, e os auxiliem a expressarem seus sentimentos e atenderem suas necessidades, cumpre verificar suas principais metodologias e objetivos de suas intervenções. A pesquisa é bibliográfica e descritiva, e utiliza o método dedutivo na compreensão da temática proposta. Busca-se  responder a seguinte questão: a Justiça Restaurativa tem cumprido seu objetivo de promoção do acesso à  Justiça? Como marco teórico apresenta-se a abordagem de Cappelletti e Garth na evolução do conceito de acesso à Justiça e Howard Zehr na compreensão da Justiça Restaurativa e seus princípios norteadores. Constatou-se que a abordagem vem sendo implementada no contexto do judiciário brasileiro, enquanto política pública de acesso à Justiça e propõe tratar os conflitos e a violência numa ótica democrática e consensual, através do diálogo e da participação, almejando-se uma cultura pautada na pacificação social com o uso das metodologias dos círculos de construção de paz e os encontros restaurativos. Verificou-se ainda, que a implementação da referida Política por meio de projetos, programas e ações apresenta-se em expansão, consolidando-se como meio de acessar uma ordem jurídica justa e efetiva na área criminal, com programas já implantados em vários estados, possibilitando a aproximação da comunidade de um sistema de justiça simples, consensual e democrático quanto a participação e acesso efetivo do cidadão, na garantia de seus direitos e exercício da cidadania, enfatiza-se ainda a necessidade de aperfeiçoamento dos programas com o desenvolvimento de avaliação, monitoramento e adequações que garantam o aperfeiçoamento e efetividade da Política de Justiça Restaurativa.

References

ACHUTTI, Daniel Silva. Justiça Restaurativa e Abolicionismo Penal: contribuições para um novo modelo de administração de conflitos no Brasil. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em https://carceraria.org.br/wp- content/uploads/2021/04/Justica-restaurativa-e-abolicio-DANIEL-SILVA-ACHUTTI.pdf. Acesso em: 30 junho 2021 DOI: https://doi.org/10.26668/2448-3931_conpedilawreview/2016.v2i1.3593

ANDRADE, Vera Regina Pereira de et al. Pilotando a Justiça Restaurativa: o papel do Poder Judiciário. Sumário Executivo Justiça Pesquisa: direitos e garantias fundamentais. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2018.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da república Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 04 agosto 2019.

BRASIL. Resolução n. 125 de 29 de novembro de 2010. Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/atos-normativos?documento=156#:~:text=CONFLITOS%20DE%20INTERESSES-,Art.,%C3%A0%20sua%20natureza%20e%20peculiaridade. Acesso em: 31 agosto 2020.

BRASIL. Resolução n. 225, 31 de maio de 2016. Dispõe sobre a Política Nacional de Justiça Restaurativa. Disponível em http://www.cnj.jus.br/imagens/atos_normatitivos/resolucao/resolucao_225_31052016_02062016161414.pdf; Acesso em: 27 agosto 2019.

BRASIL. Resolução n. 288, de 25 de junho de 2019. Define a política institucional do Poder Judiciário para a promoção da aplicação de alternativas penais, com enfoque restaurativo, em substituição à privação de liberdade. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/files/resolucao_288_25062019_02092019174344.pdf. Acesso em: 29 de setembro de 2021.

BRASIL. Resolução n. 300 de 29 de novembro de 2019. Acrescenta os artigos 28-A e 28-B à Resolução CNJ no 225, de 31 de maio de 2016, a qual dispõe sobre a Política Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3144#:~:text=Acrescenta%20os%20artigos%2028%2DA,Judici%C3%A1rio%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 31 agosto 2020.

BRASIL. Mapeamento dos Programas de Justiça Restaurativa. Conselho Nacional De Justiça, Brasília, junho de 2019. Disponível em: file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/Relatorio_Mapeamento%20dos%20Programas%20de%20Justi%C3%A7a%20Restaurativa.pdf. Acesso em: 27 agosto 2019.

BRASIL. Direitos humanos e políticas públicas. São Paulo, Pólis, 2001. 60p. (Cadernos Pólis, 2). Disponível em: http://www.bibliotecadigital.abong.org.br/bitstream/handle/11465/441/POLIS_direitos_humanos_politicas_publicas.pdf?sequence=1. Acesso em: 04 janeiro 2021.

BUCCI, M. P. D. Direito administrativo e políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2002.

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryan. Acesso à Justiça. Trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988.

CENNE, Andrea Hoch. Programa justiça para o século 21 – tjrs juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher Comarca de Novo Hamburgo, 2016. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/08/03faebc99e4d18816aa549f0ff41307a.pdf. Acesso em: 27 agosto 2019.

ONU. Agenda 2030. Plano de Ação Para As Pessoas, Para o Planeta e Para a Prosperidade. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030. Acesso em: 3 dezembro 2019.

ONU. Resolução 2002/12 da ONU - Princípios básicos para utilização de programas de justiça restaurativa em matéria criminal. (2012). Disponível em: http://www.juridica.mppr.mp.br/arquivos/File/MPRestaurativoEACulturadePaz/Material_de_Apoio/Resolucao_ONU_2002.pdf. Acesso em: 18 julho 2019.

PINTO, R. S. G. Justiça Restaurativa é Possível no Brasil? In: Slakmon, C., R., De Vitto, e R. Gomes Pinto, org., 2005. Justiça Restaurativa (Brasília-DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD).

ROSENBERG, Marshall. A linguagem da paz em um mundo de conflitos: sua próxima fala mudaria o mundo; prefácios Dorothy J. Maver e David Hart; tradução Grace Patricia Colse Deckers. São Paulo: Palas Athena, 2019.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da Justiça. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.

SPADONI, Lila. Psicologia realmente aplicada ao direito. 2ª ed. – São Paulo: LTr, 2016. 127p.

TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para operadores do Direito. 6. ed. rev. atual, e ampi. - Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012.

WATANABE, Kazuo. Depoimento Kazuo Watanabe. In: . Cadernos FGV Projetos. Solução de Conflitos. Rio de Janeiro: Idp, ano 12, nº 30, 2017. Disponível em: https://mediacao.fgv.br/wpcontent/uploads/2017/04/CadernosFGVProjetos_30_solucaodeconflitos.pdf. Acesso em: 27 novembro 2020.

ZEHR, Howard. Justiça Restaurativa; tradução Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2015.

ZEHR, Howard. Trocando as Lentes: justiça restaurativa para o nosso tempo; tradução de Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2008.

Published

2023-01-24

How to Cite

Tavares Neto, J. Q., de Azevedo Neto, P. T., & de Lima, L. (2023). JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO INSTRUMENTO DE ACESSO À JUSTIÇA. Revista Contemporânea, 3(2), 708–729. https://doi.org/10.56083/RCV3N2-007

Issue

Section

Articles